E' in noi che i paesaggi hanno paesaggio. Perciò se li immagino li creo; se li creo esistono; se esistono li vedo (...) La vita è ciò che facciamo di essa. I viaggi sono i viaggiatori. Ciò che vediamo non è ciò che vediamo, ma ciò che siamo. Fernando Pessoa
1) Sei una musicista portoghese che vive a Roma. Quando hai iniziato gli
studi musicali, cosa ti ha spinto?
Ho iniziato i miei studi musicali nel
1983, a sei anni, nel Conservatorio Regional de Castelo Branco, una città
al centro del Portogallo, a circa 60km dalla Spagna.
Noi abitavamo a 5 minuti dal
Conservatorio e un giorno mia madre mi ci ha portato insieme a mio fratello e ci ha chiesto se volevamo studiare musica ed imparare uno strumento. Mio fratello ha detto subito di si, invece io ero
un po’ titubante… successivamente, incuriosita, decisi di iscrivermi.
Ho cominciato con Educazione Musicale e
Coro infantile, poi, visto che man mano che andavo avanti la musica diventava sempre più importante in tanti aspetti nella mia
vita, a otto anni ho iniziato a studiare la chitarra, a dodici il pianoforte e a diciassette il canto, sempre insieme a tutti gli altri
corsi teorici, pratici, storici e scientifici, diplomandomi in Formazione
Musicale (Didattica della Musica) nel 1998.
Argomento un po’ delicato…
Si, secondo le classificazioni di Lars Edlund,
il mio sarebbe un orecchio assoluto di tipo passivo.
In realtà, non ricordo il
momento preciso in cui ho preso coscienza di questa cosa: io sentivo così, …per me un suono ha un nome,
“canta” un nome e quindi per me era la normalità.
Comunque, durante l’adolescenza, ne
sentivo parlare al Conservatorio e pian piano ho cominciato a notare che avevo un po’
più di facilità negli esercizi melodici, anche in quelli atonali,
nell’intonazione, rispetto ad altri studenti
che non “sentivano” come me. Quando cantavo con un piccolo gruppo di
voci, istintivamente, aiutavo a non far
calare l’intonazione anche se non ne ero
consapevole…(nell’immaginario collettivo avere l’orecchio assoluto significa
avere un orecchio perfetto: in realtà
sappiamo che non è proprio cosi ma è una cosa un po’ più complessa).
Per comprendere che questo “fenomeno”
aveva un nome, sono dovuta arrivare alla Escola Superior de Musica de Lisboa, scambiare
impressioni con studenti che avevano questo stesso tipo di sensibilità (alcuni
con sfumature diverse) e poi avere la conferma da una mia insegnante di
Formazione Musicale che un giorno mi ha messo alla prova...
Comunque, nonostante si pensi che chi è dotato di orecchio assoluto sia
necessariamente un bravo musicista, ciò
può non corrispondere a realtà. Per diventare un bravo musicista servono tante
altre cose, impegno e dedizione soprattutto; avere l’orecchio assoluto non basta e a volte
può essere addirittura limitativo (in certi contesti come ad esempio nella
musica antica, con il diapason a 415Hz o altre intonazioni). Per questo
l’orecchio va allenato in tanti modi, per farlo diventare “flessibile” e più
gestibile.
Nel mio caso ascoltare la musica per pianoforte, per esempio, è stancante perché sento molto chiaramente le note e non
l’insieme e cosi, ad un certo punto ho
cercato “rifugio” nella musica vocale,
antica in particolare, sia per una questione di piacere che per la
concentrazione sul testo che mi aiuta a mascherare questo continuo susseguirsi di note…
Per quanto riguarda altri generi di musica, ascolto diversi cantanti o
gruppi pop, rock… Mi piace particolarmente la musica folk irlandese e poi,
soprattutto per motivi etnomusicologici, la musica tradizionale di diversi
paesi.
Il Fado è un tipo di canzone tra i
generi musicali tradizionali portoghesi, uno dei simboli di questa cultura. E’
cantato da un uomo o da una donna, accompagnati con la chitarra (basso) e la chitarra portoghese in
forma di dialogo.
“Fado” significa ”destino” e perciò le
canzoni hanno un carattere molto espressivo,
interpretazioni intense, dovute soprattutto ai temi dei testi che
parlano di saudade, nostalgia per la lontananza (emigrazione, lavoro in mare,
ecc.), separazioni e sofferenze per amore…
Personalmente non è uno dei generi che
mi piace ascoltare ma alcune canzoni sono veramente belle.
L'intervista è stata tradotta da Carla anche in portoghese.
1) És um
músico/coralista português que vive em Roma. Quando iniciaste os estudos
musicais e o que é que te motivou?
Comecei os meus estudos musicais em 1983, com 6 anos, no Conservatório Regional de Castelo Branco, uma cidade no centro de Portugal, a cerca 60km da Espanha.
Nós habitávamos a 5 min. do Conservatório e um dia a minha mãe levou-me lá a mim e ao meu irmão e perguntou-nos se queríamos aprender música e a tocar um instrumento. O meu irmão disse imediatamente que sim, mas eu fiquei um pouco indecisa… Depois fiquei com curiosidade e decidi inscrever-me.
Iniciei com Educação Musical e Coro infantil e depois, visto que à medida que avançava nos estudos cada vez gostava mais e a música se tornava cada vez mais importante em tantos aspectos na minha vida, comecei a estudar guitarra aos 8 anos, aos 12, piano e aos 17, canto, juntamente com todas as outras disciplinas teóricas, práticas, históricas e científicas, diplomando-me em Formação Musical em 1998.
Assunto um pouco
delicado…
Sim, segundo as classificações de Lars Edlund, o meu e’ um ouvido absoluto de tipo passivo.
Sim, segundo as classificações de Lars Edlund, o meu e’ um ouvido absoluto de tipo passivo.
Na realidade eu
não descobri propriamente, não houve um momento exacto… eu ouvia assim, para
mim um som tem um nome, “canta” um nome e portanto para mim esta era a
normalidade.
De qualquer
forma, durante a adolescência ouvia falar sobre isso no Conservatório e aos
poucos comecei a notar que tinha um
pouco mais de facilidade nos exercícios melódicos, mesmo naqueles atonais, na
afinação, em relação aos outros alunos e que eles talvez não ouvissem da mesma
forma que eu, que quando cantava com um pequeno grupo de vozes, instintivamente
ajudava a não deixar baixar a afinação, inconscientemente, mas não relacionei
as coisas… para mim, ter ouvido absoluto significava ter um ouvido perfeito mas
sabemos que na realidade não é exactamente assim e que é uma coisa mais
complexa.
Para perceber que
este “fenómeno” tinha um nome, foi preciso chegar à Escola Superior de Música
de Lisboa, trocar impressões com outros estudantes com a mesma característica
(alguns com esfumaturas diferentes) e depois, ser-me confirmado por uma minha
professora de Formação Musical que um dia me “testou”.
Embora se pense
que quem é dotado de ouvido absoluto seja um bom músico, na realidade não
funciona assim… para ser um bom músico são necessárias tantas outras coisas,
empenho e dedicação sobretudo, ter ouvido absoluto não basta e por vezes pode
ser até limitativo em certos contextos como por exemplo na música antiga, com o
diapasão a 415Hz ou outras afinações. Por isso o ouvido deve ser treinado em
tantos modos, para o tornar “flexível” e mais fácil de gerir.
No meu caso,
ouvir música para piano, por exemplo, cansa-me, porque oiço muito
claramente as notas e não o todo e
assim, a um certo ponto, “refugiei-me” na música vocal, sobretudo antiga
(também por uma questão de gosto) que, pelo facto do texto, mascara este
contínuo suceder-se de notas.
3) Que género de
música praticas? O que é que gostas de ouvir?
Há muitos anos
que me dedico sobretudo à música vocal
renascentista e barroca seja em grupo que a solo e naturalmente a música, seja
vocal ou instrumental, destas épocas é a que mais gosto de ouvir, sinto-a como
parte de mim. De qualquer forma sou uma pessoa que ouve coisas completamente
diferentes: sempre no campo da música dita “erudita”, gosto muito da música
medieval, também da música do período clássico, gosto do Lied ou da Chanson….
Mas por vezes também há um pouco de espaço para a música de ‘800 e
contemporânea, sobretudo instrumental ou coral.
Em relação a
outros géneros musicais oiço diversos cantores ou grupos pop, rock…Gosto
particularmente da música folk irlandesa e depois, sobretudo por motivos
etnomusicológicos, música tradicional de
diversos países.
4) O que é o Fado?
Que tipo de sentimento exprime?
O Fado é um tipo
de canção dentro dos géneros musicais tradicionais portugueses, um dos símbolos
desta cultura. Cantado por um homem ou por uma mulher acompanhados à guitarra e
à guitarra portuguesa em forma de diálogo.
“Fado” significa “destino” e portanto as canções possuem um carácter muito
expressivo com interpretações intensas, devido sobretudo aos textos que falam
de ‘saudade’ causada pela distância (emigração, trabalho no mar, etc.), pela
separação ou sofrimento por amor…
Pessoalmente não é um dos géneros que gosto de ouvir, mas algumas canções são realmente muito bonitas.
Pessoalmente não é um dos géneros que gosto de ouvir, mas algumas canções são realmente muito bonitas.
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